O ex-gordo fez hora
extra entre a gente.
Sem querer ser chato e cair no lugar comum, pois ele me
xingaria, mas esse Gordo que nos deixou ontem tinha
muitas, mas muitas histórias.
Como se pode ver no Face, quem conviveu com ele, ainda
que somente um dia, tem algo daquele canalha. Não se
espantem, pois eu o tratava assim. Aqui não posso
colocar como ele me chamava, ou xingava.... Ele sempre
deixava sua marca. Normalmente pela irreverência, que
ficou patente em seus textos que tinham a sua cara. A
cara do gordo que virou ex-gordo, quase sumiu e depois
sumiu do mapa. Não que São José do Rio Preto seja fora
do mapa. Pelo contrário.
O gordo deixou as pistas de automobilismo, onde parece
ter nascido, vivido e onde por uma dessas coisas que só
o destino pode proporcionar, não deixou seu motor
engasopar e, finalmente, apagar de vez. A empolgante São
José do Rio Preto nem pista de carro de corrida tem!
Como esse desqualificado foi escolher justamente lá para
dar sua última acelerada? Inaceitável. Se fosse ele
escrevendo este texto estaria repleto de palavrões,
muito bem escritos por aqueles dedos gordos, comandados
por uma mente ferina e cariocamente divertida.
Esse ex-gordo, que perdeu sua alegria ao ter uma
necessária cirurgia de estômago paga por um ex-piloto,
tentava ser o mesmo Zampa de sempre, mas a operação lhe
ceifou boa parte da alegria. Não da face de sacanear os
amigos, algo que ele fazia questão de manter, apesar de,
agora, ser com algum esforço, o que não era necessário
antes, pois era natural. Estava entranhado na banha da
barriga dele.
Ainda me recordo claramente quando ele veio reclamar,
pois como bom jornalista era crítico até nos pedidos
mais simples, que precisava de uma vaga de
estacionamento na parte de cima de Interlagos, pois já
não aguentava mais subir aquela insana e interminável
escadaria do estacionamento para a entrada dos boxes.
Falei com o Carlos Col que, imediatamente, liberou uma
vaga para o ainda gordo e bufante parar aquele pau velho
que tinha, mas que o carregava para todos os lados
quando ainda morava na beira da Represa de Guarapiranga.
Ex-gordo, agora tenho pena de quem estiver ao seu lado,
pois aguentar você pela eternidade será difícil. Mas
como suas piadas e seu bom humor nunca terminam, quem
sabe todos se divirtam muito ainda com você. Eu curti
muitas das suas bobagens durante 11 horas de voo para os
Estados Unidos, quando você não pregou os olhos e quase
não me deixou dormir. Só faltou a aeromoça pedir para o
comandante mandar você ficar quieto que todo o avião
queria descansar. Menos você, que parecia querer
aproveitar ao máximo cada momento da vida que viveu de
forma intensa, bem ao estilo Marcus Zamponi.
Milton Alves |