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Página acrescentada em 03 de junho de 2015.
Filho de Paschoal Landi (italiano) e Antonieta Sacco Landi (oriundi) nasceu em 14 de julho de 1907 numa chácara na Rua Voluntários da Pátria (antiga Estrada para Bragança) no bairro de Santana, em São Paulo. Teve 4 irmãos: Esperança (que viria a ser mãe de Camillo Chistofaro), Quirino, Afonso e Paschoal.
Seu pai
veio de Nápoles no inicio dos anos 1890 e tempos depois já estava
estabelecido no ramo de terraplanagem, quando se casou com uma filha
de italianos. Dispondo de boa situação financeira colocou os filhos
para estudar em bons colégios, mas morreu de tifo em 1911 quando
Chico tinha apenas 4 anos de idade. Os irmãos iam de bonde toda manhã para o trabalho, e a diversão do então menino Chico era assistir os rachas noturnos que mecânicos e motoristas de praça disputavam nas ruas. “Os mecânicos desafiavam os choferes de praça na base de apostas de 500 réis para cima (um dinheirão naquele tempo) e as corridas eram feitas na Av. Brigadeiro Luis Antonio, Av. Pompeia e Rua Hadock Lobo. Porém à luz de lampião, depois das 11 da noite e com regras próprias (handicap de carro mais possante, por exemplo, era carregar gente dentro; quanto melhor, mais passageiros nele). Às vezes, o então chefe de Trânsito, Rudge Ramos, interrompia a corrida, mandando prender os pilotos noturnos. Chico Landi não participava, servia de contrapeso na lotação dos carros melhores ou ficava de fora, torcendo. Esperava seu dia de corredor enquanto aprendia no Hupmobile do irmão. Antes de comprar o primeiro carro, Chico vai tirar gostinho de velocidade com motocicleta, em pista de terra, no Alto da Lapa.” - Revista 4 Rodas 1964
Em 1926, com 19 anos, começou a trabalhar na Ford, que na época estava instalada na Rua Florêncio de Abreu, trabalhava na linha de montagem. Em seguida passou a trabalhar na General Motors, onde comprou em 1928 um Chevrolet, apelidado de “Cabeça de Cavalo”: “- Aprendi a correr naquele Chevrolet 28. No início tirava rachas que valiam 5 mil réis ao vencedor, numa época em que a lata de gasolina com 18 litros, custava 2 mil réis." Contava Chico. Depois ele ainda trabalhou na empresa que montava os caminhões REO e posteriormente abriu oficina própria.
Em 1938
houve duas edições do Circuito da Gávea e Chico participou das duas:
“I Circuito da Gávea Nacional”, 2º lugar e “VI Grande Premio Cidade
do Rio de Janeiro”, 9º lugar, e participou de uma prova nas ruas do
bairro do Pacaembu.
Em janeiro de 1941 ficou em 4º lugar no “GP de Santa Fé” na Argentina e em setembro conseguiu sua tão almejada vitória no circuito da Gávea, com dobradinha da família Landi, Quirino chegou em 2º lugar. Com a vitória seu nome foi parar nas manchetes dos jornais.
“- Estou
satisfeito com a vitória que acabei de conquistar e, estou certo,
levarei para São Paulo um triunfo que muito o honrará. A Gávea é
realmente um “Trampolim do Diabo”, pois não só oferece milhares de
sensações como também grandes surpresas, é o que posso dizer no
momento.”
Disse
Chico à Folha da Manhã logo após a prova. Em 1941 participou de 4 provas com ótimos resultados, além de voltar a residir e ter oficina em São Paulo. Em 1942, devido à Segunda Guerra, o Brasil passava por racionamentos diversos, principalmente de combustíveis, importava cada gota do petróleo aqui consumido, e as corridas ficaram suspensas. Foi adotado então o gasogênio como combustível e Chico em sua empresa (Francisco Landi & Cia. Ltda.) passou a produzir aparelhos com o nome de “Gasogênio Falcão”. De 43 a 45 participou de provas de carros movidos a gasogênio com expressivos resultados, sendo o campeão em 1944. “- Depois da Guerra, houve um surto. Pilotos top como Alberto Ascari, Acchile Varzi e Luiggi Villorezzi vieram para Brasil e Argentina participar de provas que foram o cerne do nascimento de uma indústria automobilística de competição na América do Sul”. Explica o jornalista Cláudio Carsughi.
“Das 20 voltas efetuadas, Varzi passou em primeiro lugar apenas em sete, sendo que nas demais em segundo. Como se vê Landi dominou a maior parte da corrida. Chico Landi cedeu terreno ao seu adversário somente nas ultimas seis voltas pois viu-se obrigado a parar para trocar os dois pneus traseiros de sua maquina.” - Folha da Manhã - 01/04/1947
Menos de um mês depois Chico venceu os dois italianos: Varzi e Viloresi, foi sua segunda vitória consecutiva na Gávea. De 42 até 46 não houve a corrida da Gávea. Ainda em 47 Landi partiu para a Europa acompanhado de Pedro Santalúcia do Departamento Técnico de Corridas do ACB (Automóvel Clube do Brasil) como seu manager. “- Convenci Landi e juntamos nossas economias. Com muito esforço conseguimos um abatimento nas passagens da Panair para a Itália. O ACB havia alugado o Maserati do piloto Henrique Platé para Chico correr em Bari. Platé tinha ido competir na Holanda e só chegou a Bari no sábado ao meio dia! Chico não conhecia o carro e tinha que correr a eliminatória. O carro não tinha revisão, vazava óleo e vinha surrado de 500 quilômetros desde a Holanda, sem ver oficina. Pois bem, Chico fez o terceiro tempo, atrás de Varzi e Sanesi, tornando-se logo um ídolo dos italianos! No dia seguinte, na corrida, Chico sai na ponta e faz uma volta inteira na frente das “Alfetas”. Mas após a 15ªvolta ele abandonou por problemas de combustão, quando ocupava o 3º posto.” Revista do Automóvel - 1955 Ele se casou em 1947 com Maria Aparecida e tiveram dois filhos: Luiz Augusto (1950) e Rita Teresinha (1960). Reza a lenda que ela nunca assistiu uma corrida sua. Voltando ao Brasil ele venceu em Campinas no “Circuito do Chapadão”, e no ano seguinte (1948) participou de 14 provas, vencendo oito delas, inclusive sua terceira Gávea e Bari na Itália com vitória, fez 4 provas na Argentina chegando em segundo em duas delas, correu também o “GP Penya Rhin” em Barcelona na Espanha, mas sem completar. (ver mais uma aqui)
Em 1950
participou de cinco provas vencendo três delas, não participou de
Bari por um desencontro, o carro que comprou foi despachado
erroneamente para o Brasil.
Sua ultima participação no exterior foi em 1957 em Lisboa a bordo de uma Maserati 200S com um 6º lugar, sua prova seguinte foi a primeira “500 Km de Interlagos” quando pela primeira vez fez dupla com seu sobrinho Camillo Chistofaro, mas seu carro, na quinta volta, teve um principio de incêndio e ele abandonou.
Na segunda edição da “Mil Milhas Brasileiras” (57), em dupla com Gimenez, foram desclassificados por causa de uma lanterna apagada, na segunda volta foram advertidos para parar, mas Gimenez não parou, depois que Chico assumiu o volante foi recuperando posições até chegar a liderança que mantiveram até a volta 201 e vencerem. Venceram mas não levaram. Chico até subiu no pódio, mas na terça feira seguinte os comissários concluíram pela desclassificação. Participou de mais três provas, com uma vitória apenas. Em junho de 58 foi participar da “I 500 Km de Porto Alegre” em dupla com José Gimenez Lopes que no treino inutilizou a carretera para a prova. Como Chico era uma das atrações não podia ficar de fora, ai o também paulista Luiz Américo Margarido que iria correr em dupla com Celso Lara Barberis cedeu sua carretera para Chico correr em dupla com Barberis. Mas não terminaram a prova.
Em 1958
junto com o amigo José Gimenez Lopes montou a Escuderia Tubularte
para participar do 500 Km, como pilotos, além dos sócios, contavam
com Fritz D’Orey. Participou de mais 4 provas, com uma vitória na
Barra da Tijuca. “- Em 60, com um Oldsmobile de passeio, fiz outra das corridas mais emocionantes da minha vida: levei minha mulher às presas para a maternidade, onde nasceu minha filha.”
Como
parte da inauguração de Brasília foram realizadas 3 provas e Chico
participou de duas delas vencendo a de carros Turismo GEIA, depois a
“I 24 Horas de Interlagos”, para carros nacionais, em sua segunda
dupla com o sobrinho Camillo Cristofaro num carro FNM/JK, depois 500
Km e Mil Milhas, vencendo essa prova em dupla com
Christian Heins
com um FNM/JK.
Em 1961 participou de 4 provas vencendo 3 delas e um 2º lugar. No ano de 1962, montou com Toni Bianco, Luis Greco e Eugenio Martins a “Indústria de Automóveis Brasil Ltda.” instalada no galpão nos fundos de sua casa na Rua Afonso Brás no bairro da Vila Nova Conceição para fabricar carros da Formula Jr., freios a disco e kits para preparação do Gordini.
Chico,
nos treinos deixou o cabo do acelerador sem o curso total do pedal e
Marinho tentava baixar o tempo e o tempo não melhorava:
Mas em outubro a Simca conseguiu a liberação dos carros para participarem da prova “500 Km de Interlagos” quando Jayme Silva venceu. A Simca então passou a correr apenas com seus sedans e eventualmente com as carreteras e Chico começou a desenvolver um protótipo, o Simca Spyder, também chamado de “Ventania”, apresentado em fevereiro de 1966 em Jacarepaguá, mas a Simca estava sendo comprada pela Chrysler e o projeto foi arquivado, o protótipo vendido para Roberto "Argentino" Gomez. Como ultima participação da equipe, Chico, já com 59 anos, resolveu participar em outubro de 66 do “X GP Argentino de Turismo Melhorado”, prova de estrada na Argentina, mas foi um desastre total, nem terminaram a prova.
Chico passou a se dedicar apenas a preparar carros em sua oficina e eventualmente dar assistência à pilotos na pista. “- Hoje, recebo convites, mas não corro mais. Se um garoto sair mal numa curva vão dizer que é ousadia; se eu sair, é velhice. Por isso, prefiro ficar na minha oficina preparando Opalas de competição e batendo papo com a rapaziada.” Em uma reportagem sobre o que se esperava do automobilismo em 1971 Chico, um dos entrevistados, disse à Revista 4 Rodas: “- Atualmente os corredores dispõem de facilidades que não existiam antigamente quando enfrentávamos enormes dificuldades para obter peças de reposição. Foi muito agradável para mim acompanhar a boa atuação dos brasileiros no exterior. Isso provoca uma influencia muito benéfica sobre o automobilismo brasileiro, estimulando jovens pilotos e despertando maior interesse no publico. E serve também para mostrar a categoria dos nossos corredores.”
“- Resolvi. Não entro mais num carro nem para experimentar. Quero completar um ano sem correr e se isso acontecer será a primeira vez desde que comecei. Então posso ter a certeza que parei.”
“- Vi nascer esse autódromo e aqui vou morrer.” Disse Chico ao concluir um balanço de sua vida numa reportagem à Revista 4 Rodas em 1988.
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